
Por que alguns profissionais clínicos elitizados não apreciam tanto o trabalho do psicólogo social e comunitário?
Vejamos...
No Código de Ética Profissional do Psicólogo (e isso remete à todos os profissionais da classe, independente do campo de atuação), nos seus Princípios Fundamentais, é descrito o seguinte item:
"III. O psicólogo atuará com responsabilidade social, analisando crítica e historicamente a realidade política, econômica, social e cultural."
O que dizer?!
Penso que tal "apreciação" diz respeito muito mais ao fato do profissional não perceber a si no coletivo (e vice versa)do que à condição de ser "clínico" e "elitizado". Trabalhar diretamente com a realidade diária e dolorosa de nossos pares, em que muitas vezes a necessidade de subsistencia é o carro chefe em uma escala de prioridades a serem atendidas, não é pra qualquer um.Quem está de fora assiste esperando que algo mágico, gigante e visível aconteça na comunidade atendida. Ignoram que a magia ocorre à medida em que se constrói novas possibilidades e que essas possibilidades não dependem exclusivamente do psicólogo, mas também da escolha do outro, de sua possibilidade interna e externa.Há também os psicólogos que se denominam "sociais" mas que em uma postura elitizada invadem a casa alheia com seus discursos e saberes para ensinar como devem limpar suas moradias, cuidar de seus filhos, lidar com a vizinhança e outras coisas mais. Ao final do dia, este mesmo profissional desabafa que "quer ganhar muito dinheiro e que não aguenta mais trabalhar com pobre". Esta é uma situação real que presenciei com frequencia e serve de gatilho para responder ao tema proposto: A elite não está na clínica, mas na postura do profissional perante o outro. Se não apreciam o trabalho do psicólogo social, talvez as limitações e escolhas pessoais sejam suas únicas razões. Não apreciar a atuação na área é uma forma de se proteger da angústia da falta, da miséria, da negligencia política e de tudo aquilo que nós, psicólogos ou não, em algum momento da vida também sofremos ao olhar.
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